terça-feira, 11 de agosto de 2009

A volta da luz

Precisei parar. No terceiro dia, apenas. Sei que outros por aí fazem o que tem de fazer em sete dias, mas eu só fui até o terceiro. Mas não foi nada cabalístico, nem preguiça ou falta de vontade ou estímulo criativo. Muito menos falta de tempo, isso ando tendo de sobra (infelizmente, na verdade).
Acontece que, ao me reler (e o faço com frequência), pensei que estava sendo injusta com meu primeiro inverno pintando-o com as cores que normalmente lhe cabem. Daí ter iniciado o tal inverno interno, creio. O vento gélido da manhã invernal soprava por minh'alma e eu mal percebi que, quando sentia frio, não era mais culpa do pobre Sr. Inverno, mas de minhas dúvidas pré-primavera. Aquela maldita questão que me aterroriza todas as manhãs - e se não der certo? - anda a me pertubar a paciência.
E desconto em quem não tem dúvida de nada e confia em mim mais que em si próprio. E jogo minhas incertezas em quem já está tão incerto quanto, precisando de uma força a mais para continuar. E reclamo, grito, me exaspero com qualquer um que julgo não entender pelo que passo. Não vai passar tão rápido, eu sei. Mas ninguém precisa aguentar o que eu mesma não aguento, também sei.
Por isso, a parada abrupta na cadência diária. Análise, reflexão? Chame do que quiser. Só sei que não teremos mais "diarinhos" de meus dias invernais ou de qualquer estação, até porque eu nunca fui adepta de registros que possam ajudar a traçar minha biografia quando eu me for para as Terras Imortais. Sem compromissos, sem datas marcadas, sem esperas. Apenas os textos fluindo, como sempre fluíram, sobre as teclas negras de meu companheiro eletrônico, por entre os fluxos de idéias que jorram de meus pensamentos sinuosos.
E quem me vê, hoje, de cabelo feito, livros novos e livre da necessidade do cachecol de Jah nem imagina que o vento continua a soprar dentro de mim... Mas a luz que surgiu hoje, em minha sacada, lembrando-me que o azul não tardaria a brotar, fez sua morada novamente em meu mundo vermelho. E já não me escondo mais, nem tremo de frio.

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