sábado, 26 de setembro de 2009

Pirilampos textuais (?)

Sabe aquela impressão de que as melhores coisas acontecem justo quando não se espera ou não se pode aproveitar? Meus melhores textos me surgem justamente quando deito no sofá e me enrolo no edredon (é, eu prefiro dormir no sofá que na minha cama). Eu passo a noite escrevendo, aí uma bela hora desligo o computador, apago as luzes, me aninho confortavelmente no sofá com o elefantinho e a aranha de pelúcia (o Gog e a Spine), mais o cachecol de Jah enrolado nas mãos, tudo isso envolvido no edredon de florzinhas verdinhas e amarelinhase fecho os olhos. Pronto, lá vem aquelas letrinhas voando e piscando como pirilampos ensandecidos em volta à minha cabeça.
Não adianta pedir pra irem embora ou esperarem até de manhã. Eles ficam lá e, mesmo que eu durma, invadem meus sonhos. De manhã, entretanto, no máximo consigo reunir pirilampos suficientes para construir uma frase. Uma frase. De um texto de umas 30 linhas só me resta uma frase. E o que fazer com ela, usar de subnick no msn, postar no twitter, transformá-la em título de post no blog e tentar desenvolver um texto? Não, nada funciona, é uma frase nascida única e exclusivamente para martelar na minha cabeça o resto do dia e tentar lembrar dos sonhos ou do texto. Claro que não lembrarei de nada, mas a frase continua lá.
Seguindo essa lógica, estou com um nome a me perseguir por toda a semana já. Não conheço ninguém com esse nome e nem me recordo de nenhum personagem importante com tal título. Mas o nome está comigo. Até quando, não sei. Quem sabe até eu escrever um texto pra ele...


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Clicks:
-Terminei com meu namorado que mais durou num dia 26.
-Comecei o namoro com meu namorado mais querido num dia 26.
-Comecei a melhor relação da minha vida (com meu atual namorado) num outro dia 26.
-Hoje é nosso aniversário e eu não consigo fazer um texto pra ele nem pra data porque, obviamente, os pirilampos se apagaram de manhã. =/
-Essa noite tento agarrar os pirilampos e ponho-os pra dormirem comigo também. :)



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Let's watch the flowers grow...

Primeiro dia da minha terceira primavera. Flores surgindo nos galhos secos das árvores desfolhadas, dias ensolarados, bichinhos copulando e coisinhas fofinhas por todo canto. Certo?
Errado. A primavera chegou com uma chuva torrencial. Acordamos com aquele vento congelante bem invernal. Mas, com o pensamento positivo de que a primavera já havia chegado, fomos cada qual pra rua cuidar de seus afazeres, na esperança de que o dia "melhorasse". Fui a última a sair de casa, já na hora do almoço, preparando-me mais para o vento que para o frio mesmo. Mal ponho o pezinho na calçada e chuva. Ah, não ia subir só pra trocar de roupa ou procurar um guarda-chuva que detesto. Segui para a universidade.
A chuva aperta. Eu não ligo, sempre andei na chuva... É, mas na minha cidade não faz frio quando chove e os dedos não congelam... Tudo bem, a universidade é pertinho. A cólica que me acompanhava desde que acordei resolve lembrar que ainda existe. Eu insisto, aperto o passo e chego à universidade, finalmente. Nenhum preparativo para o show de jazz ao ar livre que eu fui assistir. Claro, só eu imaginei que teria um show de jazz ao ar livre debaixo dessa chuva. Melhor esperar os membros da família aparecerem pra almoçarmos.
Restaurante número 1 lotado. Partimos para o segundo dentro da universidade. Tem lugar, mas a comida é cara. Sem condições de tentar o RU, a fila dobrava o quarteirão mesmo debaixo da chuva. Senta e come só um pouquinho da comida cara, pra não perder a viagem. Tá, e agora, como vai até a cópia procurar os textos da próxima aula? Melhor voltar pra casa com a mana...
Chega em casa e se enfia embaixo do edredon. Frio, cólica, dor de cabeça. Mas que bela primavera... Ainda espero pelo quadro das minhas primeiras primaveras!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Deveres Cívicos


O Sete de Setembro nunca significou muita coisa para mim além do que os meus estudos históricos apontavam. Quando penso que o ensino de história foi inserido no cotidiano escolar justamente para formar um espírito de identidade nacional e amor à pátria, estarreço-me mais ainda com minha apatia frente a essa data comemorativa, como diante de diversas outras datas. Feriados, festas pré-estabelecidas e esses cortejos nada mais são que tradições inventadas e desculpas para não trabalhar e gastar dinheiro, certo?
Certo, até deparar-me ao Vinte de Setembro. Não querendo ser bairrista e reconhecendo que uma grande parcela pensa diferente, o senso comum aceita que gaúchos não se sentem brasileiros, são bairristas sim e cheios de "gauderismos". Não vejo nada de errado com o senso de pertencimento a um local ou enaltecimento e ufanismo local, embora desconfie de todo e qualquer exagero. O que vejo de no mínimo perigoso é um sentimento regional que ultrapassa o nacional a ponto de suplantá-lo sem dó nem piedade. E é o que vejo aqui. São riograndenses antes e acima de brasileiros (quando são brasileiros).
Voltando ao 20. Comemoração da Revolução Farroupilha. Não precisa ser nenhum historiador ou grande estudante pra saber que foi uma briguinha de proporções absurdas pelo preço do charque. Considerando que, naquela época, apenas uma elite poderia consumir carne e que charque era uma carne nobre (por durar mais tempo sem estragar e tal), a grandiosa "Revolução Farroupilha" foi uma revoltinha elitista de filhinhos de papai tolos e birrentos. Claro que a partir daí assumiu um caráter político e blábláblá, mas que começou assim, foi mesmo.
1º questionamento: Por que os conflitos da elite se consagram como "revoluções" e os das ditas  "classes populares" (entendendo-as no sentido mais leigo e comum de "povo") são "revoltas, motins e levantes"?
2º questionamento: Se me revolto com a falta de senso de nacionalidade dos gaúchos, por que eu mesma nunca demonstrei nenhum civismo no 7 de Setembro? ("Grito dos Excluídos" não conta, porque mesmo sendo um "civismo às avessas", ainda assim não me inseri por mais que uma vez e meia)
3º questionamento: Por mais que me sinta belemense, paraense, amazônida, brasileira, latino-americana, não carrego comigo tais simbolismos justo por entender que o senso de pertencimento é subjetivo. O contato com o outro gera o afloramento do tal senso e a necessidade de autoafirmação frente à otridade. Mas eu não sinto. E agora?

Mesmo que eu não entenda o sentimento dos gaúchos (e não só deles, já que passei meu 20 de Setembro no Uruguai numa comemoração conjunta de Santana do Livramento-Brasil e Rivera-Uruguai), o desfile de cavalos e cavaleiros paramentados com seus trajes típicos e tudo mais é interessante de se ver. Enquanto é novidade, calro, porque depois parece tudo a mesma coisa, como qualquer desfile, de samba, de tropas, de marcianos e venusianos: quando a sensação de estranhamento e surpresa passa, com ela se vai o encantamento e a repetição torna tudo enfadonho. Achei bonito, no entanto, o sentimento das pessoas desfilando e das que assistiam. Registrei o momento com fotografias e coisas do tipo. Mas não descobri o meu lugar ali, nem em outro lugar. Cidadã do mundo? Talvez... 

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O nada e partes novas

Estava relendo meus escritos e, notando as datas, senti-me meio que na obrigação de escrever algo, depois de tantos dias... O problema é que não me veio idéia nenhuma. Sabe como é, aquele branco, ou aquele breu criativo, aquele nada pairando que, a qualquer momento, pode até vir-a-ser alguma coisa, mas até agora é mesmo só um nada? E estava lá eu, olhando aquele fundo vermelho outrora tão inspirador e não vinha nenhuma letrinha amarela brilhando como luzinha de Natal ao meu encontro...
Desesperador, eu diria. Se eu fosse uma escritora, dependesse disso pra viver (materialmente falando, tipo pra se alimentar, vestir, ter onde morar, etc.). Mas não, eu não preciso de nada disso. Acabei me pegando perdida de novo na velha questão da serventia de tudo isso: pra que diabos fico aqui a escrever, dia após dia, sobre tudo e/ou sobre nada?? E eu ainda não sei...
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A parte boa do tempo sem escrever aqui, pelo menos, é o contraponto. Muito tempo sem escrever, para mim, significa muito tempo lendo. Descobri que Porto Alegre pode ser uma cidade brilhante se se tiver tempo e vontade de procurar por boas leituras (e algum dinheiro sobrando, que mesmo não sendo muito caro, sempre queremos levar mais de um livro...). E sim, estou feliz em morar aqui. \o/
Não há nada mais satisfatório que se deliciar com os textos obrigatórios e escolher livros em sebos pela cidade... Decididamente, escolhi bem meu novo lugar pra morar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Querido blogspot

Meu querido blogspot,

Eu não costumo reclamar a todo instante das peças que costumas me pregar, mas dessa vez achei que era meu dever relatar o que vem ocorrendo. Isso porque outras pessoas vieram se queixar de um problema que eu nem sabia que acontecia! Resolvi apurar os fatos e constatei o que não queria: sim, as pessoas estavam cheias de razão.
Ocorre que muitos dos comentários que me escrevem aqui não são postados e, como se não bastasse, são sumariamente apagados, deletados, exterminados do plano virtual. Agora, imagine só, a frustração de produzir um texto bem elaborado, mandar uma mensagem de agardecimento, retribuição, conforto, congratulações, ou mesmo apenas mostrar que acompanha meus escritos e, depois do trabalho pronto, ele não aparecer no post e ainda sem possibilidade de recuperação! É muito cruel, blogspot, não achas?
Eu não sei porque estás fazendo isso ou se tens noção de que isso vem acontecendo já há algum tempo. Mas espero que, pela amizade de longa data que temos (contando blogs vivos e mortos, lá se vão quase 3 anos), possas rever e remediar tal probleminha, que, inclusive, muito me incomoda. Ou ao menos se desculpar, como um bom amigo, reconhecer o erro e se esforçar para que não se repita.
É o que eu, como amiga e aprendiz de escritora que me julgo ser, peço a ti, encarecidamente. ^^

sábado, 5 de setembro de 2009

Primeiro mês

Hoje faz um mês que mudei de cidade, de vida, de planos, de clima, de futuro, de presente, de roupas e costumes. Um mês que mudei de tudo, menos de mim, de endereço virtual e dos amores que deixei lá em outro lugar, um mês atrás.

O que dizer sobre isso? Nessa exata hora, eu estava ainda esperando meu avião pra Porto Alegre, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, dormindo na capela. É sério, eu buscava silêncio e um lugar pra ficar em paz com meus pensamentos, mas aqueles bancos da capela eram tão mais confortáveis que encostei na mochila e cochilei, abraçada com meu querido cachecol de Jah.

Repassava todos os novos planos, mentalmente, lia e relia a passagem, acariciava o cachecol e pedia aos deuses que não me decepcionassem. Acho que estou sendo, na medida do possível, atendida.


Ela e eu, na vinícola Almaden, sempre juntas, mesmo no cansaço, sob Sol e vento, com uvas e chocolates, com chatices e risadas, textos e musiquetas. Meu maior presente na vida nova. ^^

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Do amor

Por muito tempo, eu, na busca incessante de ser um fake de mim mesma, usando uma máscara que julgava ser inquebrável e uma armadura intransponível, esquivei-me de falar do amor. Primeiro porque do amor se tem o sentir, não o falar. E se não o conheço, não tenho do que falar. Depois porque, de tanto sentir, não mais sabia se tudo aquilo tinha sido ou não amor, ou afinal, se o que eu sentia como amor, fosse por quem ou o que fosse, fora algum dia o que eu mesma entendia a cada novo dia enquanto amor.
Percebi que meu pensar e meu sentir, quando extremamanete racionais, tornavam-se antíteses, e não movimentos dialéticos, como imaginava serem. Que o que eu professava não era o que sentia verdadeiramente e que o que eu dizia acreditar não passava de palavras vãs se eu não podia demonstrar.
Por alguns anos, longos anos, meu livro preferido foi Do amor e outros demônios, de Gabriel Garcia Marques. Um dos meus autores preferidos de todos os tempos, Roberto Freire, sempre falou do "amor libertário", com o qual me identifiquei à primeira vista, já que sempre tentei viver nos pressupostos da "revolução pelo amor". É bem verdade que, revestida de minha falsa insensibilidade, fruto de muitos desgostos e desprazeres, não se podia perceber claramente o quão clamadora de amor me fazia. Mas percebi que, há tempos meus modos brutos não enganavam mais ninguém e deixei que o amor se fizesse verdade em mim. Por isso, segue abaixo um texto com o qual muito me identifiquei, de autoria do Moska.
"Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor. Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto."
*E esse texto dedico à minha querida Mallu, que entende o amor tão livre e belo quanto eu.