segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A ti, no quarto.

Eu sei que eu deveria escrever algo "bonito" hoje, mas não quero.
Sei que deveria estar plena de sorrisos, mas não consigo.
Estou nervosa, preocupada, ansiosa.
Cheia de tarefas e receios,
Estou sempre, pouco sou.
E sei que não deveria estar, mas estou.


Felicitações? Sim, sempre.
Comemorações... do jeito que podemos.
Façamos do improvável nossa morada.
Sejamos apóstolos do impossível.
Ou nada, não precisamos de nada.
Nada a dizer ou mais fazer:
A certeza que nos consome deve bastar, por hora.
É ela que nos acalma, quando tudo ao redor parece ruir.


Liga do amor?
Luzes psicodélicas?
Que mais há de vir?
Tuas mãos em meus cabelos:
Apenas tuas mãos desejo agora.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Recesso e contemplação

O recesso textual parece imperar pelos blogs que acompanho, além de no meu. Não sei dos motivos deles e percebo um certo esforço dos outros em tentar romper essa abstinência de letras. Sei dos meus motivos, dos meus obstáculos, dos meus dias improváveis mas concretos, dos meus textos bailantes e fugidios.
Descobri projetos. Descobri obras que não mais lembrava existirem. Descobri novos saberes, novos gostos, novas frustrações e novas conquistas. Descobri, primordialmente, interesses e mudanças que até então não percebia.
Por isso, o recesso. Para análise, reflexão e contemplação. Contemplar o meu próprio dinamismo e dos que me cercam (e me fazem diferença significativa na vida); aprender a respeitar também a inércia, aceitar (não necessariamente concordar) o que me incomoda e me afastar quando me faz mal. Movimentos e silêncios também são dignos de atenção, mesmo dos mais singelos, até para pessoas impulsivas, elétrica e explosivas como eu.
Todorov, quando discursa sobre a alteridade, fala de três conceitos chaves: conhecer, amar, conquistar. Para os três, claro, há a negação ou antítese, mas cito Todorov aqui para demonstrar que estou nos dois primeiros conceitos nesse estágio de minha vivência. Identificar(-se), (des)conhecer(-se), (des)amar(-se), são verbos ativos e imperativos para mim, agora.
Porque eu vislumbrei meu passado e, nele, eu não me vi. E quando atentei para o futuro, vi-me como um outro ser que não era apenas eu, mas conjuntos de mim. Não entendi o que me restava de mim mesma no presente. E precisei parar para respirar, para não contaminar os outros com meus medos, inseguranças, desconfianças e tremores. Precisei despir-me do manto hipócrita da auto-afirmação, do destemor desmedido, do discurso mordaz e pré-julgador.
Momento de olhar para a árvore da qual me faço simples folha. O amor é a criação mais sublime da humanidade, porque não é justamente humano. E é a arma mais destruidora quando apropriada indevidamente por essa própria massa humana. Humanizar e amar não são sinônimos. Amar é muito mais caótico e muito mais mortal que qualquer invenção. E é, graças aos bons deuses (!), a única solução para a própria destruição.
E, se o que escrevo parece não fazer sentido, talvez seja porque não seja eu a única a precisar de um tempo a sós comigo mesma e o cosmos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Explicações, referências e reflexões - Só a "liga do amor" salva :p

Em minhas andanças pelo mundo dos blogs e afins, deparei-me com um texto que quase achei ter sido escrito por mim. Embora eu não queira citar aqui referências, digo que a autora, "psicótica", no sentido bem humorado do termo, desculpa-se pela sua ausência de seu próprio blog. Prossegue dizendo que seus melhores textos são produzidos em seus piores momentos e, como está num período favorável, tem mais dificuldade de escrever.
Lembrei-me de uma amiga que, ao falar de seus e meus ex-namorados, dizia que algumas pessoas só se sentem realizadas quando tê uma dor a lamentar. Como se, paradoxalmente, só se fosse feliz ao sofrer. Isso porque esses rapazes em questão necessitavam deste "sofrer por amor" para imprimirem real sentido às suas vidas. Logo, quando tudo parecia ir bem, quase que se inventava um motivo para não prosseguir, justo para continuar o processo de sofrimento, lamentação, auto-piedade e insatisfação que os levava, inversamente, à plenitude de estarem vivos.
Não apenas uma vez escrevi aqui ou em outros lugares que, parafraseando Roberto Freire, é o amor e não a vida  contrário da morte. Quem não tem o que amar está morto, vaga pela superfície terrestre como um ser morimbundo, sem alma, um zumbi sem o apelo de necessariamente comer cérebros. E quando eu digo "amar" não me restrinjo à relação dual, de pares românticos ou enamorados, o amor é bem mais amplo que isso. Não me atenho também à necessidade que temos de também sermos amados, isso é mais complexo. Atento apenas para o fato de que (e aqui lembro minha irmã e os aprendizados que ela extrai do material oriental que lhe chega às mãos) quem tem a quem amar e proteger, embora torne-se suscetível e aparentemente fraco por isso, tem justamente um motivo para almejar sempre crescer, um sonho a perseguir e realizar, um porquê de continuar quando tudo ao redor parece desmoronar. Amar, sem pieguismo, é a plenitude de estar vivo (e sem ser simplista também, apenas sintetizando idéias).
Falei de tudo isso e, como sempre, alonguei-me demais e dei voltas sem fim para dizer que, se meus textos demoram a surgir nesta tela vermmellha, provavelmente é porque, além de estar sem tempo, a falta de idéias concretas em letrinhas amarelas possa significar um momento favorável de realizações para mim também.
Então, aos que se entusiasmam com os sobressaltos de febres alegres e que amam sem medo de parecerem ridículos, uma musiqueta (como não podia deixar de ser) para perpetuar a "liga do amor" constante em que me encontro. :D

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

De novo, sobre nada...

Não, eu não tenho nada a dizer. Muitas leituras, textos intermináveis sobre políticas públicas e ensino de História (e eu que sempre fui uma historiadora do social, me aproximando do cultural, agora me vejo na política...), lavar louça, comer de vez em quando... Os dias continuam bem frios, eu continuo com dores nas articulações e ossos de uma forma geral, meus dedos continuam congelando e leituras virtuais ou impressas continuam sendo minha principal fonte de ocupação.
Óbvio que eu poderia procurar outra coisa pra fazer. Eu poderia faxinar a casa em vez de apenas lavar a louça. Poderia produzir artigos científicos em vez de escrever aqui ou ler tantos textos acadêmicos. Poderia me alimentar corretamente em vez de fazer uma refeição por dia e beliscar tudo que não presta depois... Poderia não sentir tanto frio se "ele" estivesse aqui pra pelo menos esquentar minha cama (o sofá, que é mais confortável que a cama, sempre bom ressaltar) na hora de dormir.
Mas eu não faço além do meu querer, agora. Embora eu saiba que posso muito ainda, o tédio e a monotonia dos dias frios em consomem de tal forma que apenas o estritamente necessário é feito. Até que sinto vontade de variar, mas quando olho pela janela, lá se vai a motivação junto ao meu olhar perdido naquele cinza melancólico. E, mesmo nos (raros) dias de Sol, em que acordo com aquela idéia de "ah, que dia maravilhoso!", basta chegar até a sacada e respirar um pouco mais profundo que as narinas já começam a sangrar com aquele vento seco e malvado...
Isso não é, de forma alguma, uma reclamação ou arrependimento. Sim, eu já havia previsto dias intermináveis e sem cor quando me decidi, há um bom tempo, a morar nessa cidade e deixar pra trás tudo e todos em prol de uma nova vida. ("Deixar pra trás" no sentido de não mudar de idéia fosse o que fosse que ocorresse, não de abandonar pessoas queridas ou origens.) Mas, com todos os planos que se possa fazer, sempre há algo que nos escapa ao controle. E esse ócio está tomando conta de mim, conflituando ao máximo com a saudade que sinto "dele" (que sim, estava fora da minha equação e agora é mesmo o centro dela).


Como contraponto, os dias de solidão e monotonia me proporcionam maior tempo para reflexão. Para o surgimento de novas idéias. E para o conhecimento de muitas coisas que até então ignorava. E pra quem pensou que eu ia falar de costumes, comidas, povos e blábláblá pra bancar a chata da historiadora sócio-cultural, errou. Vou ser mesmo uma menininha super rasa e falar de música. Só deixar a sugestão, a quem interessar possa, de uma coisinha que achei nas minhas andanças virtuais da madrugada. Espero que apreciem e se não, azar, eu gosto e pronto! =P