segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Onde o cotidiano e o sentimento formam a paisagem

Acordei ontem com uma imagem muito nitidamente formada, e eu a via de olhos abertos, parada no meio da sala. As imensas janelas (do sétimo andar) de vidro abertas, eu e ele sentados no peitoril, cada um de um lado, encostados na parede. Ele de calça de moletom azul marinho e blusa de mangas compridas quase do mesmo tom, sentado com as pernas esticadas. Eu de calça preta e casaco de moletom vermelho, toda encolhida, com os joelhos tocando o peito. Cada um com uma xícara de café fumegante na mão, se olhando mutuamente, por cima da xícara que acabara de tocar os lábios dos dois. E ficávamos assim, parados, nos olhando, "com aquele olhar brilhante misturado à imensa preguiça eterna que nós temos ao acordar" (a citação é dele mesmo).
Passei o dia com essa imagem na cabeça. Eu esfregava os olhos e continuava vendo. Era só chegar na sala e ver a janela que tudo voltava, como se tivessem colocado aquele quadro de nós dois lá, no lugar da minha janela. E eu nem lembro como era o dia, do tanto que fiquei absorta em nossa imagens, mas parecia bem frio, porque eu estava com aquelas faces rosadas e os pés dele estavam gelados (não queiram saber como, mas eu sabia que estavam).

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Isso me fez lembrar, hoje, quando procurava alguma imagem que pudesse minimamente traduzir o que eu tento dizer (mesmo sabendo que seria impossível achar, já que só eu vejo isso e ele nunca veio aqui e nem sequer conhece minha janela), da exposição de um amigo meu. Não, não tem nenhum casal apaixonado nas fotos dele, nem xícaras fumegantes, nem frio, embora também o cotidiano permeie as fotografias de Diogo Vianna e Ulisse Parente e os grafites de Adriana Chagas. O que há na exposição "Ambiente Natural" (que ocorre na Galeria Theodoro Braga, do Centur, em Belém-Pa, até 28 de agosto, de segunda a sexta, das 08 às 14h) é a "interação visceral entre o que é e o que pode vir a ser, entre o real e o imaginado, e que no fundo só se distinguem quando saturamos os detalhes que nunca deixaram de existir lá, no mesmo lugar" (Eduardo Souza). Segue uma pequena mostra aos interessados.

Foto de Diogo Vianna

Foto de Ulisses Parente

Grafite de Adriana Chagas

3 comentários:

  1. Muito boas as imagens! Muito mesmo. :)

    Eu também sonhei com "ele" hoje. Mas o meu foi menos romântico e mais real.

    Sonhei que a gente ia a um motel e não fazia nada proque não tinha camisinha, mas ficávamos batendo papo sem roupa, só conversando. Daí depois a camareira batia na porta dizendo que tinha acabado o tempo e ele s evestia, mas eu não. Ela entrava e me via deitada sem roupa e nem ligava. Cinco minutos depois, ele aparecia com um prato de arroz e vinagrete pra mim, ele tinha preparado com todo o carinho pra eu comer. E ficávamos todos sentados num colchão no chão: ele, eu (sem roupa) e a camareira, todos batendo papo e comendo arroz com vinagrete. Me deu muita audade. :(

    beijo =*

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  2. Menos romântico tudo bem, mas "mais real"??? Tenho cá minhas dúvidas... =PPP

    Beijo a ti também!

    P.S.: E as imagens são mesmo um ahazo, né?

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  3. ai! mas por quais diabos essa exposição eh soh pela manhã, hein!?
    como eu hei de ver?
    ¬¬

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