quinta-feira, 26 de março de 2009

O presente

Eu sempre tive muito a dizer, a fazer e mais ainda a escrever.
Ontem passei a tarde e um pouco da noite sem voz, sem ação, sem mais idéias a escrever. É bem verdade que isso é resultado de um processo ocorrido nessas férias e que vários fatores contribuíram para meu "emudecimento". Um fato em especial, porém, deixou-me realmente atônita.
Recebi um presente. Não, não foi uma carta-bomba. Foi quase isso. Uma poesia-bomba. Eu ganhei uma poesia de presente, inteiramente dedicada a mim, com versos tão especificamente meus que só eu e o poeta entenderíamos. Até aí, nada de tão anormal, afinal, não é a primeira vez que tenho a honra de receber poesias dedicadas a mim, e desse poeta, inclusive, já havia recebido outros textos muito belos.
Estava tudo indo bem durante a leitura, cheguei mesmo a emocionar-me em algumas partes (ando muito emotiva...) e parecia tudo calmo e bonito... Mas veio uma frase no final, quando os versos já tinham se acabado e eu começava a degustá-los na memória, a frase que transformou meu querido presente em uma poesia-bomba. Dizia assim: "À Fernanda Brabo, o mais fascinante ser que alguém pode conhecer".
Senti-me num atentado terrorista com alvo específico: eu. Como assim? Fernanda Brabo sou eu!! E eu não sou fascinante de forma alguma! E isso tem uma carga simbólica tão grande que intimida e amedronta!
Isso não é um discurso de falsa modéstia nem uma ode ao meu ego. É uma análise sobre como nos tornamos importantes ou modelos aos outros sem nos darmos conta disso. É sobre como nos vêem de uma forma que nem sabemos que somos; como somos mais do que acreditamos quando alguém nos enxerga com bons olhos; como nada sabemos de nós mesmos até que o outro nos faça refletir.
Toda vez que leio a tal poesia a mim dedicada (e aqui não direi qual é ou o autor para não expô-lo como meu quase assassino) e começo a me deliciar com as belas palavras, com a temática, a forma, o diálogo com o leitor, o ritmo, invade-me sorrateiramente a tal frase...
Minha poesia-bomba, a que me deixou sem fala, sem ação e sem textos na manga... Obrigada a ti, poeta querido que quase me levou para um vôo eterno. Aproveito para agradecer a todos que, por algum momento, me deixaram nesse mesmo êxtase aterrorizante durante minha nem tão longa vida.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um raio de luz ardente

Um Raio de Luz Ardente - Composição de Pedro Ayres Magalhães

És um raio de luz
Na minha vida
Um pequeno e bom raio de luz
Na minha vida
E essa luz clara e branca que tens,
é que ilumina
Todos os passos que me levam até ti
És mais quente que o sol
Quando amanhece
Brilhas mais do que as estrelas do céu
Quando anoitece
E esse raio de luz que tu és
Nunca se esquece
De iluminar cada momento para mim
Abraçar-te por fim
Por muitos anos
Devolvendo à realidade o que sonhamos
Desejava dedicar-me assim
Por muitos anos
E nunca mais renunciar a este amor
Deixa-me ser como tu
Um raio de luz ardente
Deixa-me ser como tu és
Luz e Amor somente
Eu queria ser como tu
E abraçar-te contente
Numa só esfera de luz
Eternamente presente

Rendi-me à idéia de postar um texto que não é meu aqui simplesmente para dedicá-lo à minha estrelinha, que hoje retornou para junto de mim e devolveu-me a alegria desses dias em que andei meio tristonha. Minha adorável e eterna elfinha, a famosa Paulinha.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Dorothy e Eu (uma incursão no Reino do versar)

Eu sou o momento que se vai na decisão de sim ou não
A história que não se esgota de segredos
A fortaleza de incontáveis lados e arestas
Sou a marca que não se apaga dos papéis
Sou a luz inextinguível que cega os infiéis
O vento que entra sorrateiro pelas frestas
A terra que escapa por entre os dedos
Eu sou Dorothy, no centro, dominando o furacão

quinta-feira, 19 de março de 2009

Analisando Dorothy, em "O Mágico de Oz" - Capítulo I O Furacão

Há um certo embate entre as análises feitas sobre a natureza do furacão, principalmente no que se refere à questão do tal ser externo ou interno, o que, ao meu ver, limita a própria existência (essência) do fenômeno.
Em minha análise, o furacão é uma sucessão de interno-externo-interno-externo-interno-externo, até que o derradeiro interno torne-se eterno externo, refletindo um interno etéreo prolongado a partir do momento em que o próprio furacão se dissipa em chuva forte e breve.
Quanto ao seu papel, não seria obviamente um mero divisor de águas ou uma transgressão de limites, mas o agente de autoconhecimento e de expressão de vida do ser por ele atingido ou que o tenha gerado. O furacão assume aqui o significado do “despertar”, o desprendimento da vida para o surgimento de um novo viver.
Isto significa dizer que, antes do furacão, Dorothy vivia uma não-vida e seu medo da morte frente ao terrível furacão aos poucos se transforma em medo da permanência desta não-vida. O confronto com o medo dos habitantes de sua região é, na verdade, o confronto com sua própria libertação e o sentido da liberdade almejada.
Ora, se Dorothy possuía uma não-vida, não poderia temer a morte, já que seu contrário precisaria ser perdido para que a famigerada morte a atingisse. Mas, se considerarmos que, de acordo com a somaterapia, é o amor e não a vida o contrário da morte, a descoberta da vida, para Dorothy, é a descoberta de seu amor-próprio, vencendo os “sopros da morte”. Assim, se a menina possuía uma não-vida, o temido por ela seria o eterno adormecer, no sentido de permanência do estado do não-viver. O furacão traz a ruptura da letargia, a descoberta de novos mundos para o conhecimento de seu mundo próprio.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Errata e Redenção

O post de estréia, do dia 17 de março de 2009, tem uma duplicação de texto não intencional.

Desatenção, sono, cansaço ou sei lá mais que desculpa teria pra isso. Estrear errando não é bom...


Pra tentar me redimir comigo mesma, publico um texto vermmellho, escrito em meados de 2005 e que permite entrever razões em que o vermelho se mostra como inspiração, vivência e aura protetora, seja a mim mesma, seja aos meus escolhidos.


"Foram dias vermelhos. Dias de fogo e terra. E muito sangue... Brotando, jorrando, escorrendo pelos campos em que agora correm os carneiros ruivos. Parece agora tão distante que nem se viu quando o tempo, caindo e correndo feito chuva, molhou as poças secas com sua força de senhor que tudo sabe e tudo vê. E, então, vieram os dias vermelhos da vitória, em que era o sangue dos inimigos que jorrava, e o sangue próprio saltava pelos poros pela pura exaltação à vida e à batalha infindável!

Os ventos da vitória pairam sobre os campos vermelhos. Enquanto as ovelhas correm pela pradaria, ela, deitada sobre a relva, contabiliza os últimos ganhos. No céu, a grande laranja de fogo está mais radiante que na última batalha. Mas, agora, não queima com castigo e severidade; incendeia com sorrisos de pai bonachão que se orgulha das quedas do filho. Um sorriso com labaredas rasga o céu sobre o campo, enquanto cantam os ventos da vitória."

Borboletas verdes - A Invasão

"Elas chegaram de uma vez. Não foi uma por uma, só pra dar o gostinho de quero mais, nem devagarzinho pra parecer suave, nem com coreografia ensaiada pra impressionar. Chegaram pesadas como um estouro de manada, quase nem eram borboletas com todo aquele farfalhar louco e sem sentido. Pareciam... hum... sapos, isso! Mas se fossem sapos, seriam roxos, então... deixa pra lá!
Como eu dizia, eram loucas borboletas verdes. E brilhavam como pirilampos, e eram grandes como bem-te-vis e nadavam no ar como peixes. Isso! Peixes pesados batendo suas asas nos céus vermelhos de minha casa que não é minha!
Ainda não sei o que querem. Chegaram e ocuparam o quarto cor-de-rosa que ninguém ocupa. E pousaram nas paredes como um grande jardim ao contrário. Eu fechei a porta pra não as atrapalhar. Eu falo quando durmo, elas podem não gostar. Mas hoje à noite eu deixo a porta aberta, deixo sim! Quem sabe elas resolvem dizer pra que vieram de uma vez!"

Esse texto inaugurou meus escritos (dos que não morreram) no ano de 2006. Achei pertinente reeditá-lo, já que as borboletas me encontraram em outro lugar...

Escrever pra quê (ou por quê)?

Esse texto é uma reedição de um outro produzido em 01 de dezembro de 2008. Naquela ocasião, eu tentava escolher um lugar para expor as baboseiras que escrevo... Sinto informar a quem interessar possa, que eu continuo com a pateticamente idéia de escrever. Por isso, achei extreamante conveniente iniciar com o texto que segue:
"Eu sei que ninguém lerá o que escrevo neste espaço além de mim mesma, uma vez que não o divulguei a ninguém. Isso significa dizer que, basicamente, escrevo para mim mesma. E qual o sentido disso?

Pensei em várias respostas para essa tão profunda questão:
1- Escrevo para expurar demônios;
2- Para fingir que tenho algum talento nesse ramo;
3- Para que minhas outras personalidades possam me conhecer melhor;
4- Por falta de algo mais substancial para fazer;
5- Por ser mais uma mania, etc.

Certo, não encontrei resposta nem nessas aí formuladas nem em canto algum. O que pressupõe que não tenho razão nem objetivo para continuar a escrever. E que, embora não haja substrato ou conteúdo de verdade nestas letras, continuarei da mesma forma a juntá-las em palavras, frases e textos, fazer o quê...Eu sei que ninguém lerá o que escrevo neste espaço além de mim mesma, uma vez que não o divulguei a ninguém. Isso significa dizer que, basicamente, escrevo para mim mesma. E qual o sentido disso?

Pensei em várias respostas para essa tão profunda questão:
1- Escrevo para expurar demônios;
2- Para fingir que tenho algum talento nesse ramo;
3- Para que minhas outras personalidades possam me conhecer melhor;
4- Por falta de algo mais substancial para fazer;
5- Por ser mais uma mania, etc.

Certo, não encontrei resposta nem nessas aí formuladas nem em canto algum. O que pressupõe que não tenho razão nem objetivo para continuar a escrever. E que, embora não haja substrato ou conteúdo de verdade nestas letras, continuarei da mesma forma a juntá-las em palavras, frases e textos, fazer o quê..."