domingo, 28 de junho de 2009

Diálogos - V

- Eu disse que te odiava?
- Foi.
- Mas como eu disse, em que circunstâncias?
- Assim, tipo, tudo era silêncio, daí do nada, rompes o silêncio e dizes que me odeias.
- Quando foi isso?
- Ah, estás brincando comigo já, né?
- Sério, sério, eu juro que não lembro! Por que eu te odiaria? E mesmo que odiasse, por que te diria assim, do nada?
- Não sei, só sei que disseste. Assim mesmo, do nada. Um alto e claro "eu te odeio".
- Caramba, isso não faz sentido... Eu parecia chateada ou de mau-humor?
- Não, não, foi bem cordial e amigável. É sempre com um sorriso no rosto que se declara odiar alguém, não é mesmo?
- Sem ironia, isso é sério. Eu estava bêbada então?
- Não, sem cheiro de álcool, olhos vermelhos, movimentos involuntários. Normal. Nas mais perfeitas faculdades físicas e mentais.
- Mas tens certeza que era eu?
- E como eu te confundiria? Tens irmã gêmea agora? Clone?
- E se tiver sido uma das outras que te odeia e disse por mim?
- Ah, claro, muito fácil dizer que tem múltipla personalidade e me obrigar a aceitar qualquer coisa que digas...
- Tá, desisto de tentar entender então. Vai ver que te odeio mesmo e nem sei...
- É, deve ser isso. Só sei que me odeias e que doeu ouvir.
- Mas tu acreditas em cada coisa também... Não sabes que eu finjo o tempo todo?
- Sei. Mas fingir não é mentir. Tu não costumas mentir. A não ser quer queiras proteger alguém, aí inventas coisas pras pessoas se afastarem de ti... Ei, era isso então?
- Bingo, menino esperto.
- Meninas são tão complicadas... Não era mais fácil só ir embora e pronto?
- Meninos são tão burros... Se eu só fosse, tu virias atrás, eu sei.
- É, eu iria mesmo.
- Então pronto, é isso, eu te odeio. Vai embora agora, antes que eu vá.
- Ei, tu disseste que me odeias de novo!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Uma borboleta, de asas e luzes violetas, exalando perfume doce por onde passa, batendo as asas com força, fazendo barulho, dando rasantes como se fosse atropelar quem estiver pelo caminho. É ela. A tal da "mais sentimental das três", a "bonita", a mediana que não se destacava na escola, que não era a melhor do GRD, que brigava com a mãe pra usar batom e pintar a unha, que preferia sair com os amigos a estudar para a prova do dia seguinte.
E o que tem de errado com isso? Ela era a menos fingida das três, a que chora e grita e esperneia e libera tudo que sente pra não guardar mágoa nem rancor depois. É ela que puxa a orelha de todos, como se fosse o irmão mais velho sempre pronto a entrar numa briga pra defender a honra das maninhas pequenas. É isso. Enquanto eu tenho síndrome de mãe, ela é o irmão mais velho. E guardiã da honra e da dignidade das "braboletas".
É claro que ela não é perfeita. É óbvio que eu nunca demonstro o quanto ela especial. Eu sou uma burra. Ela é aparentemente a mais "desligada", mas é a única que realmente sabe o que quer. Sem planos mirabolantes, apenas uma meta segura e que, com certeza, ela atingirá. E eu a amo tanto, tanto, que nunca digo... Nem sei porque, deve ser pela minha necessidade de fingir. Deve ser porque ela sempre está por perto e não compreendi ainda a falta que me fará quando eu me for.
Mas ontem, ao vê-la tão indefesa (ela sempre tão forte), ao lê-la como ela me lê, sem avisar a ninguém, percebi o quanto erro sem demonstrar também quando sóbria o quanto ela me é importante. E o quanto eu sinto a falta de tê-la ao meu lado cantando no gargalo da garrafa, imitando personagens de videoclipes, interpretando musicais da Disney, fazendo maquiagem em frente ao espelho, conversando de verdade e lavando a roupa suja de manhã, ao acordar de uma boa festa. Porque com ela, é isso, festa. Ela me faz feliz, embora nos irritemos muito uma com a outra. Deve ser por sermos parecidas demais em nossas diferenças.
E por ela, eu nomearei a quem dedicarei este post. Por ela que não entende a quem dedico meus escritos, que bate pé e reclama de ser contrariada. E que me lê com vontade, o que muito me faz feliz. Este escrito é teu, Reninha.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Esse post poderia ser destinado a muitas pessoas. Embora eu insista em dizer que não me importo em estar sozinha na maior parte do meu tempo, que me agrada a idéia de ser solitária, que me irrito facilmente com tudo e todos, sou obrigada a admitir que, se não fossem os heróis da persistência que me cercam, eu não continuaria seguindo tão quase bem como estou.
É óbvio que não sou a melhor das amigas. Eu esqueço, desapareço, elejo mal minhas prioridades. Mas nunca, nunca nego ajuda a quem quer que seja. Até aos que não me agradam, eu sou capaz de auxiliar. E até de me preocupar, me importar e perder sono com os que não gostam de mim.
Não estou me vangloriando de nada. Sou uma das pessoas mais imperfeitas que conheço. No entanto, aprendi muito cedo o significado de gratidão. Depois de um tempo, vieram o respeito, a confiança e a consideração.
Com isso tudo, eu não poderia deixar de agradecer sempre aos meus benfeitores sem querer retribuir. Nem sempre consigo, é verdade. Às vezes é só uma pizza, um abraço apertado, uma tarde num lugar escondido, um sorvete na chuva. Mas eu sempre quero poder fazer mais. Eu quero repor todo o tempo que foi gasto comigo, quero dar meus momentos felizes como troco, quero que todos saibam quem foi responsável por minhas melhoras e meu bem-estar.
Hoje, esse post bobo, sem nenhuma preocupação literária ou estética, é apenas um pequeno agradecimento. Eu não sei fazer de outro jeito. E sei que muitos dos meus poucos amigos não lerão o que aqui escrevo. Mas estará aqui. E estará aqui pra ti, que sei, saberás que é teu mesmo que eu não escreva teu nome em dedicatória. É só ouvir a música. Ainda te dou uma pontinha do meu Sol antes de ir embora, prometo! ^^

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Diálogos - IV

Ela foi à casa dele, morta de cansada e suja, após o trabalho. Ele a recebeu com a mesma amabilidade que sempre lhe destinou. Deu a ela o último copo de coca-cola. Viram um filme. Conversaram encolhidinhos no sofá. Depois saíram, porque ela queria mostrar a ele seu bar preferido antes que fosse fechado de vez. Boa conversa, sempre. Carinho, quase risadas, músicas bobas, outras belas e outras belas com interpretações bobas. Quando ele não suportava mais (e foi muito depois do que ela esperava) foram cada qual para sua casa. Ela o deixou e seguiu para a sua. Chega e corre para o computador. Entre assuntos impertinentes, terminaram a conversa que nunca termina com os agradecimentos dela:
- Obrigada por tudo, viu? Acho que um dia nos chamaremos de "amigos" e tal. - (Sorriso com a língua pra fora.)
- Agradeço. - (Rindo.)
- Eu também. - (Sorrindo.) - Eu gosto muito muito de ti. E não precisa dizer nada em troca. - (Sorriso aberto.)

- Eu gosto de ti quase a ponto de poder chorar contigo. - (Carinha meiga.) - Beijo, boa noite.
- Own... boa noite. Beijo! Vou dar um jeito de te ver essa semana, prometo!
Ela sorri.

Ele também.
Fim de conversa por hoje.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Segundo as lendas da minha família paterna, uma certa prima, em um de nossos memoráveis passeios a Mosqueiro (e eu nem sei se já era nascida, mas acho que sim), pisou na tampa de uma fossa da nossa casa de veraneio alugada. A tampa se partiu e a moça, alegando não ter culpa, disse "mas foi só o dedinho...". Ficou o episódio conhecido como "o dedinho da Mônica". Desde esse dia, fazer qualquer besteirinha destrambelhada é o suficiente pra se ouvir a frase "mas foi só o dedinho..." e pra que todos desatem a rir.

Uns dois ou três de meus novos amigos tem a história de, se alguém apronta, um diz a outro "é o teu dedo de MiRdas", ou algo do tipo, em alusão ao famoso rei que transformava em ouro tudo que tocava. No caso, o poder de "MiRdas" é o conhecido poder de "fazer merda" em tudo que se faz.

Também tenho meus dons pras tolices. E uso esse termo mesmo, "tolice", porque não há denominação para o que faço. É tão cheio de boas intenções, de uma leveza pueril, combinada ao meu olhar quase angelical, que mesmo os anjos de verdade devem se convencer de que não fiz por mal. Mas não adianta: estou cercada de minhas próprias tolices, sempre e sempre.

E ainda funciona de uma forma bem peculiar. Eu só estrago aquilo que já está pronto, ou ao menos minimamente planejado. Sou perita em esfacelar sonhos, castelos, metas e projetos, inclusives os meus. O "dedinho da Mônica" e o "toque de MiRdas", combinados, não são páreos para meu poder de fazer tolices até infantis, sem maldade, mas com muita destruição, a todo momento.

Eu fiz mais uma no alvorecer do último domingo. E continuei na segunda. E ainda, não totalmente satisfeita, enveredei madrugada adentro e quase estraguei até minhas próprias convicções no início da terça. O orgulho, o amor próprio e a autoestima já se foram. Espero manter minimamente a dignidade, ainda. Fracassei miseravelmente na minha primeira quinzena de junho.

domingo, 14 de junho de 2009

Deves ter percebido já. Eu não consigo não tentar te acompanhar. Tenho poucos meios para isso agora, é verdade, mas não desisto. Sei que um dia pararei, que desisitirei por completo de saber de ti, se tens comido, se tens onde morar, se estás minimamente feliz, escrevendo ainda... Mas agora, não consigo não querer saber como estás. E até me recrimino, tenho vergonha disso, escondo de quem está perto de ti, embora todos saibam. Eu ainda me importo e me preocupo. Muito. E muitos são os que dizem que não devo. Eu engano a todos e continuo me importando e me preocupando e chorando por dentro. Ninguém me vê, nem eu.
Há uma coisa que me incomoda depois de tudo. Ouvir música. É muito difícil, sabias? Porque tudo em nossa vida era musical. Dormir, acordar, conversar, discutir, pegar ônibus, tomar café, andar sem rumo pelas ruas... Tudo fazíamos ouvindo ou lembrando uma música. Hoje eu ouvia Jorge Ben numa festa e lembrava que gostas e eu não. Que eu reclamaria e tu dançarias pra mim. Que depois sorriríamos e cantaríamos outras juntos. Que pularíamos, nos abraçaríamos, iríamos embora ouvindo música abraçados numa van e dormiríamos com o rádio ligado. E se tocasse uam música boba, daquelas bem melosas, farias uma performance "sensual" para me fazer rir. E se fosse uma nossa, daquelas poucas que nos traduziam tão bem, escutaríamos em silêncio, com a respiração suspensa. Como era bom ouvir música ao teu lado...
Há outras coisas. Coisas que não consigo fazer mais. Porque tudo me lembra esses dias. Até quando meu cabelo está impregnado de cigarro, sinto falta de não ser a tua fumaça em mim. De não ser o teu abraço quando acordo, de não serem as tuas palavras que escuto, de não ser nada teu em lugar nenhum. Mas não é verdade. Porque nunca foste embora. Porque estás em mim, como sei que ainda estou em ti, mesmo que não queiras ou que não digas mais. E não, não é pretensão minha. Eu só aprendi a te entender com toda tua confusão, com tua pseudo maldição, com teu pássaro azul tão pouco escondido.
Eu ainda te leio. Três vezes ao dia, ao acordar, ao voltar do trabalho e antes de dormir. Seguro-me pra não comentar. Sei que não gostarias de ver um comentário meu agora, embora apreciasses meus comentários aos teus escritos. Sinto que essa é a única relação que podemos ter agora, a de autor e leitor. É o elo que, nesse mundo material, ainda me liga a ti. E eu queria muito saber a quantas anda o teu livro, sobre teu novo emprego, sobre onde irás morar, sobre a banda... mas não posso. Não posso saber de nada, porque, embora tenhas mantido (misericordiosamente) meus escritos em teus meios de comunicação, acredito que me queiras o mais longe possível. E não, eu ainda não entendo. Mas respeito. Porque, como era no princípio, respeito e confiança são peças fundamentais entre nós.
Não escrevo tudo isso para pedir nada. Nem para te fazer entender algo que nem eu entendo. Somos confusos, os dois, e muito mais assim, com tantos assuntos mal-resolvidos. Mas também não tento aqui resolver nada. Só te digo o quanto sinto tua falta. O quanto, após esses 25 dias, é doloroso refazer meus planos sem ti, sem nossos sonhos, sem tuas palavras de conforto, sem poder cuidar de ti enquanto pensas em desistir. Eu nem sei exatamente do que sinto falta, porque eu nem pude ser totalmente eu ao teu lado. Mas, de alguma forma, eu pude me sentir viva. E é isso que mais me angustia. Contigo, eu estava viva e sentir isso nunca foi tão bom. Agora, que miha luz se apagou, pareço uma filha da Lua, enganando a todos fingindo que a luz que irradio é minha. Mas não é. Minha luz de filha do Sol só existe quando estou viva, e agora não estou mais. Porque, quando te foste, levaste de mim o brilho e a energia. E eu só queria ter minha vida de volta... Mas sei que não a terei. Nem por um mísero momento. Não enquanto formos isso que nos impuseste, soldados em lados opostos do front.
É como me sinto, mais uma vez, em tão pouco tempo. E é desesperador. Queria poder chorar. Mas ninguém deixa, nem eu mesma. Se ao menos eu soubesse como te sentes aí, do teu lado do campo...

sábado, 13 de junho de 2009

Sempre funciona assim. Eu mostro lenta e gradualmente do que gosto, mas nunca imponho a ninguém. E não deixo de gostar pra me unir ao pensamento do outro, apenas não escuto acompanhada, se sei que o outro não gosta. Não há razão para importunar aqueles a quem dedico algum apreço com meu gosto musical nem sempre tão agradável a muitos.
O que eu queria dizer é que uma das melhores partes do término de um relacionamento é voltar a fazer o que se gosta verdadeiramente a qualquer tempo, sem se preocupar com o bem-estar de ninguém a não ser o próprio. É bem verdade que, às vezes, eu também finjo não gostar de algo só pra não ficarem me martelando com aquilo e não fazerem do que gosto "símbolo" de um relacionamento.
Seguindo, o que eu dizia é que, há uma música que me lembra muito um momento específico, mágico, único, com um de meus melhores amigos. Quando eu estava sozinha, tentando uma vida nova num lugar novo, sem amigos ao redor, eu a escutava. Foi numa dessas vezes em que eu a escutava que um novo amigo me apareceu e, tempos depois, quando voltei à minha cidade de origem, tornou-se meu namorado. Esse amigo/namorado, infelizmente, não gostava dessa música (e porque ela também o lembrava outra pessoa e por aí vai...). Então, com ele, eu não a escutava. Acabei por escutá-la muito pouco, por fim.
Hoje, um dia após o famoso "dia dos namorados", acordei com uma grande vontade de escutar a música novamente.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Eu corria, corria sem parar, estava em um daqueles condomínios de prédios baixinhos e iguais, mas os prédios não terminavam nunca. Muito, muito escuro, mal distinguia os prédios naquele breu infernal. Eu corria em linha reta, esperando que um dia os prédios terminassem e eu chegasse num lugar iluminado. Queria ao menos conseguir me ver dentro daquela escuridão. Eu estendia as mãos para a frente para tentar enxergar meus dedos, mas me desequilibrava durante a corrida ensandecida e desistia de enxergar alguma coisa. Continuava a correr.

Algo se mexeu adiante, parecia ficar mais claro depois de uns 200m. Eu corri mais rápido ainda. Cansada, muito cansada, respirando com dificuldade, as pernas tão doloridas que já começavam a tremer, eu avistei algo que parecia ser minha irmã. Gritei. A voz não saía. Percebi que estava presa em um sonho e parei de correr. Se era um sonho, era só acordar e pronto, adeus prédios, escuro e cansaço. Deixei-me cair no asfalto. Minha irmã não apareceu, mas eu senti seu abraço enquanto, de olhos escuros e deitada no chão, esperava pelo fim do sonho.

Abri os olhos. Era um campinho de futebol, aqueles de areia, atrás do último prédio. Luzes amarelas na rua adiante, em barraquinhas de vendas, freguesias juninas, pareciam. Levantei-me e andei entre as barracas. Todas vendiam maçãs do amor. Eu não como maçãs do amor. Não consigo e não gosto daquele doce todo, nem de maçã, na verdade. Eu precisava de algo pra beber. Comecei a me desesperar, buscando em todas as barracas uma mísera coca-cola ks.

Tudo, até onde a vista podia alcançar, era maçã do amor. Aquele vermelho confeitado, reluzindo sob as luzes amarelas. Voltei a correr entre as barracas, queria que elas terminassem, que as luzes não fossem tão amarelas, que alguém me oferecesse um copo d'água. O mesmo desespero do início, correndo entre barracas iluminadas como corria entre prédios escuros.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O milagre ao contrário

Um milagre ao contrário. Foi o que ocorreu. Porque, dizem, milagre é algo inacreditável, inexplicável e irremediavelmente bom que acontece "do nada". Foi tudo assim, exatamente assim, excetuando a parte do "bom". Foi indiscutivelmente péssimo de se ver, ouvir, sentir, viver. E eu revivo o tal milagre repetidas vezes ao dia, naquela esperança tola de que faça algum sentido. Mas não, não há sentido nenhum. E, obviamente, embora tenha motivo, ele não se mostra claramente a mim, como parece mostrar-se aos outros. E eu queria, juro que queria, que aqueles minutos intermináveis sumissem de mim, que eu não lembrasse de nada, para que minhas últimas lembranças pudessem ser somente teus passos afastando-se pela avenida, enquanto raiavam os primeiros sorrisos ensolarados da manhã. Mas insistes em me fazer recordar que milagres sempre acontecem, o tempo todo, quando menos se espera por eles. E que, por vezes, eles só acontecem assim, ao contrário.

domingo, 7 de junho de 2009

Apreço. Com todo o amor que o não tempo me permite dedicar a ti.

Eu queria te escrever, mas não consigo parar de te ler.
E sempre que penso e formulo e sinto que já sei o que dizer, tuas palavras são sempre melhores que as minhas.
E por mais que eu me esforce e tente, nunca serei boa o suficiente.

Mas eu continuo tentando.
Porque quero que vejas como me esforço pra te fazer tão bem como me fazes.
Porque queria não ser tão infinitamente menor que tu.
Porque queria poder te iluminar e te fazer minimamente "feliz".

E eu queria que soubesses que minhas últimas orações foram pra ti.
E que não me despedi porque não queria ter teus olhos tristes como minhas últimas lembranças.
E que não, eu não esquecerei tudo que fizeste por mim.
Pois eu trouxe pra casa, em mim, um pedaço teu.

Agora andas comigo, como tua voz ainda ressoa em minha cabeça.
Como teu abraço ainda está me apertando.
Como teu afeto sincero e despretensioso ainda me envolve.
Como tua mão repousa sob a minha, enquanto a cidade escurece e meu Sol renasce.


Obrigada. Por tudo. Principalmente por existir. E por não ter corrido de mim, como eu faria de ti. Reinventaste em mim, esta manhã, o significado da palavra "amizade" e tudo que ela possa conter, mesmo que não precisemos tê-la dito.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Diálogos - III

- Mas eu não me me importo se alguém lê ou não o que escrevo. Não faço isso pra ganhar dinheiro.
- Bem diferente de mim, hehehe.
- Eu escrevo pra me libertar do que me incomoda, entendes?
- Então aí está a diferença.
- Como assim?
- Eu escrveo pra incomodar o que me liberta.
- Por isso me incomodas tanto então?
- Sim. É isso mesmo.
- Ah... Então sou eu...

Hora de desligar. E deixar desligado por um longo tempo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Diálogos - II

- Sério, tu não existes!
- Deixa de besteira...
- Sério, tu és linda, sabia? E devias deixar os cabelos sempre soltos, pentear só com os dedos.
- Fico com calor nessa cidade, o cabelo gruda na cara...
- Não interessa, tu és ruiva e tudo, tens de deixar solto!
- Hum... quer ver meu vestido de astronauta? Parece essa tua blusa!

Sobem as escadas.

- Nossa, quanta roupa legal!
- É, minha tia faz umas...
- E esse vestido, usa na sexta!
- Mas não combina, vai ser a festa da cigana?
- Não interessa, e usa com esse tênis!
- Sério? Ninguém me deixa sair de casa com vestido e tênis e eu adoro...
- Eu também, é a combinação perfeita, vai assim!
- Então olha a revista que eu queria te mostrar.
- Olha, História da Loucura... queria ler, mas não vais me emprestar...
- Se eu te mostrei... Leva logo que é!

Prossegue mostrando o quarto, as esquisitices, a sujeira, as meias coloridas, as fotos tortas...

- Caramba, saudade das minhas coisas...
- É, tem um monte de coisa colorida mesmo... mas eu uso sempre a mesma roupa...
- Devias usar essas, e com o cabelo solto!
- Hehe, tá, deixa eu pintar.
- Então pinta logo, mas daquela cor que eu falei!
- Vou pintar primeiro da que já comprei, tá? Amanhã eu pinto.
- Tu és linda mesmo. E eu acho que tu não existes ainda.

Fui deixá-la em casa. Voltei com aquele sorriso enorme estampado no rosto. Ela me fez feliz. Espero ter feito o mesmo por ela, atordoando com tantas coisas a mostrar. Maluquecemos, as duas. xD