sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Second day. O frio de frente.

Acordei. Frio. Não tive coragem de levantar. Dormi de novo, mais agarrada ainda às cobertas, ao elefante a à aranha de pelúcia e ao cachecol de Jah. Encho a cama de objetos fofinhos para não morrer de saudade, nem de frio.
O telefone toca. Acordo, de sobressalto. Por um instante esqueço onde estou e penso em quem poderia ser. Nanossegundos. Lembro que não pode ser para mim, não conheço ninguém que não esteja em minha própria casa. Saio debaixo das cobertas e tento encarar o segundo dia com mais ânimo e disposição que o primeiro.
Banho quente no banheiro gelado. Tenso, muito tenso. E aqueles minutos intermináveis entre desligar o chuveiro, pegar a toalha, enxugar cuidadosamente todas as partezinhas do corpo, vestir a roupa, escovar os dentes (com água gelada) e depois tentar esquentar sem muito sucesso as mãos? Torturas diárias, mas ínfimas perto da dorzinha de não receber abraços de quem se espera. Sorte ter bons abraços comigo, ainda. Senão, nada teria sentido. Eu não planejei um exílio, afinal de contas.
Depois de ver que já era bem tarde para começar o dia, calço as botas e vou pra rua. Meu primeiro dia de rua. Banco, pagamentos, e o resto foi interrompido por uma garoa ameaçadora. Não ando de guarda-chuva nunca, nem na cidade da chuva da tarde, por que haveria eu de carregar um objeto desses aqui? Melhor voltar pra casa.
Retorno. Lembram-me que devia ter feito uma coisinha importante na rua. Medinho. Salva por uma alma caridosa que se compadeceu de mim e se foi, em meu lugar. Não é porque fui sozinha pra rua em meu primeiro inverno que não esteja morrendo de frio. Eles entenderam.
Olho-me no espelho. Botas marrons, combinando com o casaco marrom-lindo-de-morrer emprestado da irmã, jeans surrados, cachecol de Jah amarrado na cabeça, apanhando os cabelos (soltos) e protegendo as orelhas, mãos nos bolsos do casaco. Sorrio para mim mesma. Penso em como ele gostaria de me ver assim. Irmã tira uma foto do celular mesmo. Corro para o computador (minha principal atividade, por enquanto). Notebook no colo, pés balançando no sofá, começo a escrever.
Torço para o Sol aparecer. Para as aulas começarem. Para receber visitas queridas. Para os ossos pararem de doer. Para termos dinheiro e instalarmos aquecedores em casa. Torço por minha nova vida. E recebo as torcidas de todos também.
Assim teve início o segundo dia. E só agora vou pensar no que será o almoço. Mais um clima tenso: eu na cozinha aterrorizo qualquer um. Sorte que tenho bons aliados por aqui. E acabo de sentir um perfume de tomate e manjericão. Hora de desligar.

2 comentários:

  1. hUAhuHA parou de escrever e correu pra cozinha. fiquei tentando imaginar a cena.
    e..
    CABELOS SOLTOS!
    há! eu queria ver isso!
    dorouga.. mas soh de saber.. *-*
    tomara que a rotina (quando começar) não te roube de mim.
    PS: sai correndo e quando teu rosto começar a congelar, grita bem alto tua liberdade! Se isso não te fizer choro(de felicidade), vai te fazer gargalhadas!
    te amo.

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  2. Eu queria me vestir assim. =~

    Eu sequer saí na rua e só sei suar, suar muito e sentir mosquitos me picando. Blé!

    Pensei em vocês 3 hoje e no Zezito. Fiquei mufina mas já tô bem. :)

    beijos a vocês =*

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