quinta-feira, 11 de junho de 2009

Eu corria, corria sem parar, estava em um daqueles condomínios de prédios baixinhos e iguais, mas os prédios não terminavam nunca. Muito, muito escuro, mal distinguia os prédios naquele breu infernal. Eu corria em linha reta, esperando que um dia os prédios terminassem e eu chegasse num lugar iluminado. Queria ao menos conseguir me ver dentro daquela escuridão. Eu estendia as mãos para a frente para tentar enxergar meus dedos, mas me desequilibrava durante a corrida ensandecida e desistia de enxergar alguma coisa. Continuava a correr.

Algo se mexeu adiante, parecia ficar mais claro depois de uns 200m. Eu corri mais rápido ainda. Cansada, muito cansada, respirando com dificuldade, as pernas tão doloridas que já começavam a tremer, eu avistei algo que parecia ser minha irmã. Gritei. A voz não saía. Percebi que estava presa em um sonho e parei de correr. Se era um sonho, era só acordar e pronto, adeus prédios, escuro e cansaço. Deixei-me cair no asfalto. Minha irmã não apareceu, mas eu senti seu abraço enquanto, de olhos escuros e deitada no chão, esperava pelo fim do sonho.

Abri os olhos. Era um campinho de futebol, aqueles de areia, atrás do último prédio. Luzes amarelas na rua adiante, em barraquinhas de vendas, freguesias juninas, pareciam. Levantei-me e andei entre as barracas. Todas vendiam maçãs do amor. Eu não como maçãs do amor. Não consigo e não gosto daquele doce todo, nem de maçã, na verdade. Eu precisava de algo pra beber. Comecei a me desesperar, buscando em todas as barracas uma mísera coca-cola ks.

Tudo, até onde a vista podia alcançar, era maçã do amor. Aquele vermelho confeitado, reluzindo sob as luzes amarelas. Voltei a correr entre as barracas, queria que elas terminassem, que as luzes não fossem tão amarelas, que alguém me oferecesse um copo d'água. O mesmo desespero do início, correndo entre barracas iluminadas como corria entre prédios escuros.

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