domingo, 14 de junho de 2009

Deves ter percebido já. Eu não consigo não tentar te acompanhar. Tenho poucos meios para isso agora, é verdade, mas não desisto. Sei que um dia pararei, que desisitirei por completo de saber de ti, se tens comido, se tens onde morar, se estás minimamente feliz, escrevendo ainda... Mas agora, não consigo não querer saber como estás. E até me recrimino, tenho vergonha disso, escondo de quem está perto de ti, embora todos saibam. Eu ainda me importo e me preocupo. Muito. E muitos são os que dizem que não devo. Eu engano a todos e continuo me importando e me preocupando e chorando por dentro. Ninguém me vê, nem eu.
Há uma coisa que me incomoda depois de tudo. Ouvir música. É muito difícil, sabias? Porque tudo em nossa vida era musical. Dormir, acordar, conversar, discutir, pegar ônibus, tomar café, andar sem rumo pelas ruas... Tudo fazíamos ouvindo ou lembrando uma música. Hoje eu ouvia Jorge Ben numa festa e lembrava que gostas e eu não. Que eu reclamaria e tu dançarias pra mim. Que depois sorriríamos e cantaríamos outras juntos. Que pularíamos, nos abraçaríamos, iríamos embora ouvindo música abraçados numa van e dormiríamos com o rádio ligado. E se tocasse uam música boba, daquelas bem melosas, farias uma performance "sensual" para me fazer rir. E se fosse uma nossa, daquelas poucas que nos traduziam tão bem, escutaríamos em silêncio, com a respiração suspensa. Como era bom ouvir música ao teu lado...
Há outras coisas. Coisas que não consigo fazer mais. Porque tudo me lembra esses dias. Até quando meu cabelo está impregnado de cigarro, sinto falta de não ser a tua fumaça em mim. De não ser o teu abraço quando acordo, de não serem as tuas palavras que escuto, de não ser nada teu em lugar nenhum. Mas não é verdade. Porque nunca foste embora. Porque estás em mim, como sei que ainda estou em ti, mesmo que não queiras ou que não digas mais. E não, não é pretensão minha. Eu só aprendi a te entender com toda tua confusão, com tua pseudo maldição, com teu pássaro azul tão pouco escondido.
Eu ainda te leio. Três vezes ao dia, ao acordar, ao voltar do trabalho e antes de dormir. Seguro-me pra não comentar. Sei que não gostarias de ver um comentário meu agora, embora apreciasses meus comentários aos teus escritos. Sinto que essa é a única relação que podemos ter agora, a de autor e leitor. É o elo que, nesse mundo material, ainda me liga a ti. E eu queria muito saber a quantas anda o teu livro, sobre teu novo emprego, sobre onde irás morar, sobre a banda... mas não posso. Não posso saber de nada, porque, embora tenhas mantido (misericordiosamente) meus escritos em teus meios de comunicação, acredito que me queiras o mais longe possível. E não, eu ainda não entendo. Mas respeito. Porque, como era no princípio, respeito e confiança são peças fundamentais entre nós.
Não escrevo tudo isso para pedir nada. Nem para te fazer entender algo que nem eu entendo. Somos confusos, os dois, e muito mais assim, com tantos assuntos mal-resolvidos. Mas também não tento aqui resolver nada. Só te digo o quanto sinto tua falta. O quanto, após esses 25 dias, é doloroso refazer meus planos sem ti, sem nossos sonhos, sem tuas palavras de conforto, sem poder cuidar de ti enquanto pensas em desistir. Eu nem sei exatamente do que sinto falta, porque eu nem pude ser totalmente eu ao teu lado. Mas, de alguma forma, eu pude me sentir viva. E é isso que mais me angustia. Contigo, eu estava viva e sentir isso nunca foi tão bom. Agora, que miha luz se apagou, pareço uma filha da Lua, enganando a todos fingindo que a luz que irradio é minha. Mas não é. Minha luz de filha do Sol só existe quando estou viva, e agora não estou mais. Porque, quando te foste, levaste de mim o brilho e a energia. E eu só queria ter minha vida de volta... Mas sei que não a terei. Nem por um mísero momento. Não enquanto formos isso que nos impuseste, soldados em lados opostos do front.
É como me sinto, mais uma vez, em tão pouco tempo. E é desesperador. Queria poder chorar. Mas ninguém deixa, nem eu mesma. Se ao menos eu soubesse como te sentes aí, do teu lado do campo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário