quarta-feira, 29 de julho de 2009

Noites mal dormidas. Frio, calor, insetos, falta de espaço, pessoas desagradáveis, colchão desconfortável, cansaço. Em troca de o que exatamente? Não importa. Doações serão sempre doações, o que se cobrar em troca? Nada, além de gratidão, no máximo.
Queda vertiginosa, da estratosfera ao calabouço do centro da Terra, do mais alto cume que conheço ao mais profundo rio que visitei. Prefiro voar a mergulhar. Não gosto de verde, mas faz uma boa combinação com vermelho. E me pergunto por que as esmeraldas voltam a me rondar?
Viagens e mais viagens. Silêncio e mais silêncio. Olhando o nada, contemplando o nada. Enquanto as águas continuam seu movimento, enquanto a areia continua sua dança particular, enquanto o Sol nasce no meio do caminho. Olho para trás. Tudo está tão distante que não posso mais tocar. Meus dedos só alcançam roupas, livros e mais livros, coisinhas materiais que posso levar, palavras tolas sempre ditas nas horas mais impróprias, textos e mais textos que continuam rumando ao lixo.
É só o vôo, é tudo que posso ver. Nada, ninguém além. Porque meu vôo é solitário. Porque minhas linhas não alcançam mais ninguém. Porque não acredito em nada, porque não há tempo para acreditar em nada que eu mesma não tenha sonhado. E sinto muito por deixar a todos. Mas é preciso. Para que ainda saibam o que fui. Para que eu saiba quem ainda sou. Para que o caminho não suma mais sob meus pés e o horizonte não se desfaça a cada amanhecer.
Arrumando as malas, todos os dias, reunindo os pedaços que me restam para que os pedaços que me deram não se percam. E as borboletas do estômago fazendo um leve turbilhão de que escolhi tudo errado. Mas eu insisto; persisto. E o adeus nunca será tão dolorosamente libertador. Feliz. Ainda estou.
*(Esse texto não diz nada, eu sei. Mas eu precisava escrever até esvaziar os anseios. Melhor agora. Hora de trabalhar.)

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