quinta-feira, 19 de março de 2009

Analisando Dorothy, em "O Mágico de Oz" - Capítulo I O Furacão

Há um certo embate entre as análises feitas sobre a natureza do furacão, principalmente no que se refere à questão do tal ser externo ou interno, o que, ao meu ver, limita a própria existência (essência) do fenômeno.
Em minha análise, o furacão é uma sucessão de interno-externo-interno-externo-interno-externo, até que o derradeiro interno torne-se eterno externo, refletindo um interno etéreo prolongado a partir do momento em que o próprio furacão se dissipa em chuva forte e breve.
Quanto ao seu papel, não seria obviamente um mero divisor de águas ou uma transgressão de limites, mas o agente de autoconhecimento e de expressão de vida do ser por ele atingido ou que o tenha gerado. O furacão assume aqui o significado do “despertar”, o desprendimento da vida para o surgimento de um novo viver.
Isto significa dizer que, antes do furacão, Dorothy vivia uma não-vida e seu medo da morte frente ao terrível furacão aos poucos se transforma em medo da permanência desta não-vida. O confronto com o medo dos habitantes de sua região é, na verdade, o confronto com sua própria libertação e o sentido da liberdade almejada.
Ora, se Dorothy possuía uma não-vida, não poderia temer a morte, já que seu contrário precisaria ser perdido para que a famigerada morte a atingisse. Mas, se considerarmos que, de acordo com a somaterapia, é o amor e não a vida o contrário da morte, a descoberta da vida, para Dorothy, é a descoberta de seu amor-próprio, vencendo os “sopros da morte”. Assim, se a menina possuía uma não-vida, o temido por ela seria o eterno adormecer, no sentido de permanência do estado do não-viver. O furacão traz a ruptura da letargia, a descoberta de novos mundos para o conhecimento de seu mundo próprio.

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