Eu sempre tive muito a dizer, a fazer e mais ainda a escrever.
Ontem passei a tarde e um pouco da noite sem voz, sem ação, sem mais idéias a escrever. É bem verdade que isso é resultado de um processo ocorrido nessas férias e que vários fatores contribuíram para meu "emudecimento". Um fato em especial, porém, deixou-me realmente atônita.
Recebi um presente. Não, não foi uma carta-bomba. Foi quase isso. Uma poesia-bomba. Eu ganhei uma poesia de presente, inteiramente dedicada a mim, com versos tão especificamente meus que só eu e o poeta entenderíamos. Até aí, nada de tão anormal, afinal, não é a primeira vez que tenho a honra de receber poesias dedicadas a mim, e desse poeta, inclusive, já havia recebido outros textos muito belos.
Estava tudo indo bem durante a leitura, cheguei mesmo a emocionar-me em algumas partes (ando muito emotiva...) e parecia tudo calmo e bonito... Mas veio uma frase no final, quando os versos já tinham se acabado e eu começava a degustá-los na memória, a frase que transformou meu querido presente em uma poesia-bomba. Dizia assim: "À Fernanda Brabo, o mais fascinante ser que alguém pode conhecer".
Senti-me num atentado terrorista com alvo específico: eu. Como assim? Fernanda Brabo sou eu!! E eu não sou fascinante de forma alguma! E isso tem uma carga simbólica tão grande que intimida e amedronta!
Isso não é um discurso de falsa modéstia nem uma ode ao meu ego. É uma análise sobre como nos tornamos importantes ou modelos aos outros sem nos darmos conta disso. É sobre como nos vêem de uma forma que nem sabemos que somos; como somos mais do que acreditamos quando alguém nos enxerga com bons olhos; como nada sabemos de nós mesmos até que o outro nos faça refletir.
Toda vez que leio a tal poesia a mim dedicada (e aqui não direi qual é ou o autor para não expô-lo como meu quase assassino) e começo a me deliciar com as belas palavras, com a temática, a forma, o diálogo com o leitor, o ritmo, invade-me sorrateiramente a tal frase...
Minha poesia-bomba, a que me deixou sem fala, sem ação e sem textos na manga... Obrigada a ti, poeta querido que quase me levou para um vôo eterno. Aproveito para agradecer a todos que, por algum momento, me deixaram nesse mesmo êxtase aterrorizante durante minha nem tão longa vida.