Quem me conhece ao menos um pouquinho sabe: eu não sou cristã, não acredito num deus único e não me envergonho disso, muito menos me vanglorio. Em contrapartida, também rezo (do meu jeito e sem textos prontos e decorados), vou à Igreja se a intenção for válida e sincera, respeito os credos alheios e sim, comemoro o natal, mas de um jeito mais peculiar.
De qualquer modo, isso não é um post sobre religião. É mais sobre como, ao nos condicionarmos, conseguimos mesmo mudar coisas ao nosso redor que precisam ser mudadas. É como dizem, quando queremos algo com fervor e mentalizamos positivamente, o universo conspira a favor. Por isso, não acredito em "milagres de natal", mudanças repentinas graças ao "espírito natalino" ou outras manifestações do tipo. Não, uma data em si não é capaz de mudar nada nem ninguém (mesmo os que fingem mudar só porque "é natal").
Então, agora que o tal natal passou e todos podem parar de fingir e voltar a ser o que foram o ano todo, digo que uma mudança ocorreu em mim. Hoje é meu aniversário de namoro, 6 meses (dos quais quase 5 se passam à distância física do ente amado). Vou explicar a relação. Todos sabem da dificuldade que é, além de levar um relacionamento a sério, fazê-lo a milhares de quilômetros de distância, com a esperança de um futuro (já mais próximo) de união espacial novamente. Vem sendo bem difícil, para ambos os lados, adaptar formas de demonstrar amor, conciliar horários, depender da boa vontade da conexão da internet, economizar pra comprar cartões telefônicos que não duram 10 minutos... A dificuldade parece não ter fim e piorar cada vez mais. Mas é justo o contrário, agora.
Acordei com a sensação de que nunca pude ser tão livre numa relação quanto agora. Se, por um lado, a distância física parece minar possibilidades de realizações, por outro, exige de nós tantas novas estratégias, habilidades de driblar o desconhecimento do cotidiano em prol de um sentimento muito maior, que me sinto tão à vontade para ser eu! Hoje, quando comemoramos 6 meses de um relacionamento maduro e prazeroso, percebo o quanto somos felizes em termos um ao outro, do jeito que podemos, e o quão menos desesperadora a espera se torna.
Óbvio que discussões, mal-entendidos, conflitos mal-resolvidos, atropelos acontecem todos os dias. Não somos ingênuos a ponto de culpar a distância por isso. O bem querer tem disso, e sem debates não se cresce, já me convenci disso. O cerne de tudo isso é que, em meio a confusões e carinhos desmedidos, redescobri quem era e me despi das máscaras que ainda guardava. Hoje, terminando a celebração do solstício de verão, percebo o quão iluminada se tornou novamente minha vida, e o quanto isso é devido ao meu "demônio amado".
Meu candeeiro encantado, companheiro de luz eterna, incessante, abrasadora, amigo de explosões de risadas e silêncios, fonte mútua e recíproca de força, eu precisava dizer: foda-se o natal e as tradições inventadas! O melhor desse ano foi te receber na minha vida! *_*
E por estar feliz (mesmo que não pareça tanto, mas deve ser o maldito sono/ressaca de natal =P), posto uma música do tempo em que eu dançava no escuro, ao redor da fogueira, despreocupada com o inferno ao meu redor. Já posso dançar de novo! :D